3 hábitos para se desapegar no ano novo e melhorar a saúde mental

Falar mal dos outros, agir sem pensar e disseminar fake news são maus hábitos que podem criar um círculo vicioso que prejudica quem recebe a ação e quem faz a ação. Que tal refletir um pouco mais e investir em saúde mental?

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Todos ‘meio que sabemos’ como se instala um hábito nas nossas vidas: somos motivados por alguma situação, começamos a fazer as coisas de uma certa maneira e, de repente, ficamos tão acostumados a agir daquele jeito que já nem pensamos mais na hora de fazer. ‘Acontece naturalmente’. Parece simples assim — mas você já parou para pensar, realmente…

… O que são hábitos?

Homem de pele clara e barba curta, cabelos escuros e lisos, curtos, e camisa quadriculada preta, branca e tons vermelhos e amarelos, põe a mão sobre a boca e queixo em atitude de pensamento.

Foto: Ik – Invading Kingdom | Unsplash.

Na verdadem o que chamamos hábitos não são apenas atividades que aprendemos a ‘fazer automaticamente’, sem qualquer outra consideração.

ciências que procuram dar uma resposta mais detalhada e, por essa e outras razões, se dedicam a estudar por que as pessoas fazem o que fazem e por que se mantêm fazendo ao longo do tempo.

neurociência é um dos campos que estuda hábitos. Nesse caso, o comportamento e a criação de hábitos são relacionados ao funcionamento de uma série de estruturas cerebrais que se encontram, principalmente, no sistema extrapiramidal, cujos principais integrantes são o tálamo, o cerebelo e os gânglios de base

Essa parte do sistema nervoso é a responsável por movimentos que fazemos ‘automaticamente’, sem pensar, como falar e andar. Ela que age quando, aos poucos, vamos aprendendo a executar um padrão psicomotor até que, por fim, ele sai ‘naturalmente’ e sem esforço.

Já para a análise do comportamento — uma das linhas da psicologia –, por exemplo, o comportamento humano complexo é uma relação com, pelo menos, três integrantes. Nessa relação tríplice, há um processo-chave denominado reforçamento.

Funciona assim: nós respondemos ao ambiente que nos cerca por meio de uma série de ações, e essas ações geram consequências. Quando diante de um ‘contexto’ similar (em termos mais técnicos, estímulo antecedente), agimos de determinada forma (ou seja, emitimos uma resposta) para gerar uma consequência que já foi produzida anteriormente, dizemos que aquela resposta é resultado de um reforçamento.

Diante disso e de forma bem simplificada, o que chamamos ‘hábito’, numa perspectiva analítico-comportamental, nada mais seria do que respostas que passaram a fazer parte de uma espécie de repertório pessoal porque foram reforçadas no passado — ou seja, geraram consequências e, depois, foram emitidas novamente para que obtivéssemos as mesmas consequências.

Nós podemos desenvolver hábitos novos e parar com hábitos antigos, é claro. A questão é que precisamos de uma jornada de autoconhecimento para saber, em primeiro lugar, qual a consequência reforçadora (em termos técnicos, estímulo reforçador) que sustenta todo o edifício do comportamento ‘habitual’ — e há hábitos tão enraizados que, mesmo que não produzam mais aquelas consequências, o próprio ato de ir lá e praticá-lo já é reforçador. 😱

Claro que há fatores que, a princípio, estão fora do nosso controle, como o aquecimento global, as ondas de calor, as chuvas e se aquela pessoa te ama ou não — mas, dos que estão dentro, essa jornada de autoconhecimento pode ser a chave para uma mudança de hábito que fará você cumprir suas promessas para 2024Aliás, vamos falar de três maus hábitos que, inclusive, seria bom se os abandonássemos todos?

1. Falar mal dos outros

Ilustração da Dr. JONES, com fundo azul, mostra homem com megafone.

Com raras exceções de pessoas que realmente não fazem por merecer elogio algum, falar mal por aí da família, dos amigos ou conhecidos, do gestor ou gestora, dos colegas de trabalho etc. é um veneno que não vale a pena cultivar, além de ser deselegante.

Evite disseminar fofocasPara quem ouve, passa uma impressão de que você não é alguém confiável para se contar algo — e depois, com razão, fica difícil criar conexões saudáveis com os outros sem essa confiança.

Exercício. Foque as qualidades das pessoas (todo mundo tem). Pegar um papel e anotar, ou simplesmente mencioná-las para si mesmo ajuda a memorizá-las e confere uma ‘blindagem’ para os defeitos da pessoa na hora de interagir com ela.

Claro que também é preciso cuidado para não exagerar e ficar completamente cego a algum defeito dela que possa vir a prejudicar você.

2. Agir e postar sem pensar

Ilustração da Dr. JONES, com fundo azul, mostra homem com atitude de raiva e reclamação.

Agir na base do ‘bateu-levou’ também é um hábito que nem sempre vale a pena cultivar. No jogo da vida, não ganha sempre o mais forte nem o mais rápido, mas o mais inteligente. Ser reativo coloca você num ciclo vicioso difícil de quebrar que acaba abafando sua capacidade de reflexão e de análise sobre os temas.

É o local de fala do mal-educado, do explosivo, do brigão. Tome o seu tempo para refletir e agir de acordo com as situações, sem exageros e sem acreditar que quem grita mais, pode mais — e estenda isso para o uso das redes sociais. Hoje em dia, muita gente tem pagado o preço por ser reativa e postar ou comentar coisas de cabeça quente.

Exercício. Sabemos que é difícil, mas aqui o exercício é priorizar a paciência e a parcimônia. Economize palavras. Ouça mais, leia mais e fale e escreva menos.

Procure entender as razões das pessoas e analisar a situação antes de ‘explodir’ ou já desandar a comentar aquele post polêmico — e se explodirem com você e o ofenderem, saiba proteger-se, mas não embarque na espiral de raiva. Muitas vezes, deixar o ‘mal-educado’ sozinho é a melhor estratégia para ter paz e cuidar da saúde mental.

3. Repassar fake news

Ilustração da Dr. JONES, com fundo azul, mostra homem "segurando" a expressão "Zona de Conforto".

Pode parecer difícil encontrar fontes de informação confiáveis e equilibradas atualmente — e, na correria do dia a dia, podemos adquirir o hábito de simplesmente copiar e colar ‘informações’ e ‘notícias’ nas redes sociais ou encaminhá-las por aplicativos de mensagem sem checarmos antes a fonte e o conteúdo.

O resultado é que, sem querer, acabamos ajudando a disseminar fake news, o que pode contribuir para que ganhemos a fama de alguém que emite opiniões rasas, não é confiável naquilo que diz ou, pior, contribui até para destruir a reputação das pessoas.

Exercício. Diante de fatos ou informações novas, faça a si mesmo algumas perguntas que podem ajudá-lo a analisar com mais clareza a informação, como:

  • O que aconteceu? 
  • Por que aconteceu?
  • Quem são os envolvidos?
  • Quais os interesses envolvidos no que aconteceu?
  • Qual parte da informação parece sem sentido?
  • Quem divulgou originalmente e por que teria feito?
  • Há uma base científica ou objetiva para a notícia?

Apegar-se aos hábitos é sua zona de conforto, é um lugar onde você já sabe como as coisas acontecem. Nossa dica é, portanto, sair dessa zona de conforto. Desligar o ‘piloto automático’ e tentar viver e conhecer coisas melhores, com uma vida mais bacana! 😀 

Se você conseguir sair do ciclo vicioso desses três maus hábitos que prejudicam seus relacionamentos e colocam você numa visão pessimista, vai conseguir criar novos hábitos saudáveis, com mais facilidade no futuro e para este ano, que ainda está no comecinho — e, claro, se sentir que precisa de ajuda para executar os planos, procure. 🤜🤛

Aproveite e conte para nós: você já conseguiu largar algum mau hábito que havia prometido deixar no ano novo?

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Foto/Destaque: Alejandro Cartagena | Unsplash. Ilustrações: Vivi Ferraz para Dr. JONES (todos os direitos reservados).