Como e por que surgiu o Dia da Consciência Negra - Dr. JONES

Como e por que surgiu o Dia da Consciência Negra

Em 20 de novembro, comemora-se o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra — mas você sabe por que a data existe? Aprenda mais sobre essa data importante e confira uma lista de influenciadores para se aprofundar sobre racismo, vidas negras e assuntos correlatos.

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra foi instituído em 20 de novembro pela Lei nº 12.519/2011 e marca a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Brasil na era colonial, que chegou a ter 20 mil habitantes.

Onde ficava o Quilombo dos Palmares?

Foto em que se veem várias pessoas pretas e pardas com vestimentas associadas às religiões afro-brasileiras comemorando em evento no Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Evento no Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Foto: Janine Moraes | Ministério da Cultura | Sob licença CC BY 2.0 DEED.

Palmares era, na verdade, uma união de 10 quilombos, e a data de sua fundação não é consensual.

O que se sabe é que a referência documental mais antiga remonta a 1597, em uma carta do padre Pero Lopes, membro superior da Ordem dos Jesuítas, endereçada ao rei de Portugal.

Algumas fontes informam que 1597 teria sido também o ano de fundação, quando cerca de 40 escravos fugiram de um engenho localizado no litoral da então Capitania de Pernambuco. Outras fontes, porém, informam que a data seria anterior, por volta de 1580, e há estudiosos que argumentam que até antes teriam surgido os primeiros povoamentos.

Se a data exata é objeto de discussão, a localização não: o Quilombo dos Palmares localizava-se na Serra da Barriga, em uma região com muitas palmeiras — daí o nome —, onde hoje é o estado das Alagoas.

Atualmente, no local onde ficava o quilombo, está o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, no município de União dos Palmares (AL).

Como Zumbi dos Palmares foi derrotado?

Zumbi foi o último e mais famoso líder do Quilombo dos Palmares, e, por isso, a data da sua morte foi tomada para representar a luta contra a escravidão e contra o racismo.

O líder quilombola nasceu por volta de 1655, no próprio quilombo, mas foi capturado aos 6 anos de idade e entregue aos cuidados do padre Padre Antônio Melo.

Recebe o nome de Francisco, aprende catecismo e torna-se fluente em português e latim, fugindo para o quilombo aos 15 anos de idade. 

Destaca-se em uma luta contra os portugueses em 1675 e, em 1680, assume a liderança depois de desafiar seu tio, Ganga Zumba, então líder.

Na sequência, instala um governo despótico e até com um sistema brando de escravidão, mas se opõe terminantemente ao sistema escravocrata oficial e à dominação dos negros pelos colonizadores.

O Quilombo dos Palmares existiu por cerca de 200 anos e foram necessárias 18 expedições para destruí-lo, o que acabou acontecendo em 1694, com os bandeirantes Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo. Zumbi foge, ferido.

Um ano depois, após ser denunciado por Antônio Soares, é morto por Furtado de Mendonça aos 40 anos, no dia 20 de novembro. Sua cabeça é cortada, salgada e, depois, entregue ao governador Melo e Castro. É, então, exposta em praça pública.

Como foi criado o Dia da Consciência Negra?

Foto da estátua de Zumbi dos Palmares, em Salvador (BA), contra a luz, no pôr-do-sol, com lua cheia surgindo por trás. Ele é rodeado de casas no estilo colonial, que se veem em Salvador.

Escultura de Zumbi dos Palmares, em Salvador (BA). Foto: Gonzalo Rivero | Sob licença CC BY-SA 3.0 Deed.

O Dia da Consciência Negra tem uma história diretamente relacionada ao crescimento do movimento negro no País e reconhecimento da contribuição dos negros à cultura brasileira. 

Podemos traçar sua origem até à década de 1960, quando o Dia da Abolição da Escravatura – 13 de maio – era a única data comemorativa a fazer referência histórica ao que os negros vivenciaram no Brasil.

Muitos, porém, estavam insatisfeitos com a data, que, para alguns deles, mais homenageava a Princesa Isabel que os negros. Era o caso do grupo reunido pelo professor e pesquisador Oliveira Ferreira da Silveira, que frequentava a Rua dos Andradas, em Porto Alegre (RS).

Desse grupo, Jorge Antônio dos Santos, o Jorge do Xangô, destacava-se como principal opositor às comemorações do 13 de maio.

Em 1971, durante o governo ditatorial de Emílio Garrastazu Médici, Oliveira Silveira funda em Porto Alegre, com Antônio Carlos Cortes, Ilmo da Silva e Vilmar Nunes, um grupo de militância negra que homenageava o Quilombo dos Palmares.

Desde o começo, o Grupo Palmares de Porto Alegre, que existiu até 1978, concentrou-se em buscar uma alternativa ao 13 de maio. Na pesquisa realizada por Oliveira Silveira, surgiu a data da morte de Zumbi, 20 de novembro de 1695.

Ainda em 1971, foi realizada a primeira comemoração do 20 de novembro, no Clube Náutico Marcílio Dias. A iniciativa se popularizou, e, 7 anos depois, recebeu o nome de Dia da Consciência Negra, por ideia do ativista Paulo Roberto dos Santos

A data, então, se espalhou pelo Brasil e passou a contar com amplo apoio do movimento negro, culminando na Marcha Zumbi dos Palmares, realizada em Brasília em 1995, quando marcou os 300 anos da morte do líder quilombola.

Por que comemorar o Dia da Consciência Negra?

A cultura brasileira foi formada com participação dos povos africanos, dos colonizadores e dos indígenas, mas, além de interação nem sempre ter sido pacífica, o histórico de violência deixou marcas históricas, como o racismo.

Daí, a importância de datas como o Dia da Consciência Negra — e algumas iniciativas na internet dedicam-se a discutir essa questão e abordar outras relacionadas, como a superação da pobreza e as desigualdades sociais. Confira algumas.

João Pimenta

Foto de João Pimenta, em terno vermelho e camisa preta com gravata preta. Ele é um homem de cabelos cheios, barba por fazer, negro, usando óculos pretos.

Foto: Arquivo pessoal | Divulgação.

Comediante e ator do Porta dos Fundos, faz conteúdo em que usa o humor para tecer críticas — e com sucesso!

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Família Quilombo

Foto da Família Quilombo, em que se veem, pela ordem: a mãe, com tranças; a filha, com tranças azuis, o filho, de óculos e cabelos trançados e curtos; e o pau, de óculos, cabelos curtos e barba.

Foto: Arquivo pessoal | Divulgação.

Adriana Arcebispo, Josimar Silveira (Jones), Akins e Dandara são uma família negra que compartilha conteúdo sobre suas experiências.

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Voz das Comunidades

Foto de evento da Voz das Comunidades, em que se veem várias pessoas posando em frente a uma faixa em que se lê Associação dos Moradores do Parque União.

Foto: Arquivo pessoal | Divulgação.

Uma organização não governamental que se tem destacado no jornalismo comunitário em favelas do Rio de Janeiro, fundada pelo ativista Rene Silva.

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Grana Preta

Em fundo verde com logo, foto de Amanda Dias, mulher vestida de branco e com cabelos trançados, usando grandes brincos e um colar em formato de búzio.

Foto: Arquivo pessoal | Divulgação.

Amanda Dias produz conteúdo sobre educação financeira para pessoas de baixa renda e microempreendedores. Conteúdo importante em tempos de alta de preços.

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Foto/Destaque: Vivi Ferraz para Dr. JONES (todos os direitos reservados).

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