Barba e foliculite: o que você precisa saber

Coceira intensa na barba pode ser sinal de foliculite, mas calma que o problema nem é tão raro assim — e a gente explica como tratar.

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Elimine a foliculite na barba e fique com a pele lisinha

Homem pardo e jovem, com barba a fazer e sem camisa, pele bem cuidada, olha para a câmera

Parece que surgiu ‘do nada’. Você foi ao barbeiro que te recomendaram, na barbearia mais badalada do bairro, e saiu de lá com sua barba desenhada, bigode fininho e bem delineado, cavanhaque perfeito… e talvez uma foliculite.

Isso porque, no dia seguinte, começou uma coceira sem piedade com irritação na pele e umas ‘bolinhas’ que parecem espinhas e ficam bem ali, onde nascem os pelos… mas calma: o problema nem é tão raro assim. Só precisa ser tratado com atenção.

O que é foliculite?

A foliculite tem esse nome porque é uma inflamação que acomete o folículo piloso. O nome pode parecer complicado, mas a explicação é simples: trata-se da estrutura da sua pele que é capaz de produzir e sustentar o pelo.

Como nosso corpo tem pelos em vários lugares, qualquer região onde eles estão pode ser atingida pela foliculite.

Os lugares mais vulneráveis são os com pelos mais densos, que ficam mais abafados ou têm pele mais sensível, são úmidos e/ou sofrem constantes atritos ou agressões.

Um exemplo são axilas; e, nos homens, a região da barba no homem, por causa da frequência do barbear.

Qual a função do folículo piloso?

Desenho esquemático em fundo verde mostra a estrutura do pelo e do folículo piloso na pele.

Imagem: Posible2006 | Wikimedia Commons, sob licença CC BY-SA 3.0. Adaptado por João Marinho.

O folículo piloso tem origem na derme, que é a camada intermediária da pele.

A derme fica logo abaixo da camada mais externa — a epiderme —, cuja parte superior é a pele que a gente consegue ver a olho nu, cobrindo todo o corpo.

Uma das diferenças entre a derme e a epiderme é que a primeira é nutrida por vasos sanguíneos, e a segunda, não.

Por isso, normalmente não sangramos, por exemplo, ao retirarmos uma cutícula de unha, porque só a epiderme é atingida… mas, se nos cortamos, sangramos porque a lesão chegou até à derme.

O fluxo de sangue na derme é importante para alimentar uma série de estruturas que se encontram nessa camada, como as glândula sebáceas, que produzem o ‘óleo’ da pele ( sebo); as glândulas sudoríparas, que produzem o suor; e o folículo, cuja estrutura você vê acima.

Falando de uma maneira simples, o folículo piloso é uma espécie de ‘bolsa’ em torno do pelo que funciona como se fosse um ‘berçário’ para ele: o pelo é produzido lá no fundo do folículo, em uma parte chamada bulbo.

Alimentadas pela nutrição sanguínea da derme, as células que dão origem ao pelo se multiplicam no bulbo e formam aquilo que a gente costuma chamar ‘raiz do pelo’. Elas, então, vão-se sobrepondo umas às outras e fazendo o pelo crescer e irromper para fora.

Todo esse processo conta com ajudas. Um deles vem das glândulas sebáceas. Quando, além do folículo piloso, levamos essas glândulas em consideração, o sistema completo é chamado folículo pilossebáceo.

O que causa foliculite?

A principal causa da inflamação do folículo piloso é a infecção por microrganismos, especialmente uma bactéria chamada Staphylococcus aureus, embora fungos e vírus também possam ser a causa.

A S. aureus é comum na pele, mas, quando entra no corpo por causa de ferimentos e cortes, pode causar problemas. Daí, a relação entre foliculite na barba e o barbear.

Como fazer a barba causa atrito na pele e, às vezes, microferimentos, a própria lâmina de barbear pode levar essas bactérias, ou outros microrganismos, para dentro.

Lá, eles podem multiplicar-se e causar a inflamação do folículo, e ai a intensidade dos sintomas vai depender da profundidade da foliculite.

Isso porque, como o folículo é uma estrutura que vem lá da derme e atravessa camadas da pele, a infecção pode surgir em diferentes regiões dele.

Quais os tipos de foliculite?

Na maioria dos casos, a foliculite na barba é superficial, ou seja, a inflamação desencadeada pela infecção dos microrganismos fica restrita às partes superiores e mais externas do folículo.

A pele em volta fica, então, avermelhada e há uma sensibilidade, um certo incômodo. Finalmente, surge uma ‘bolinha’ que coça muito, parece uma espinha e pode conter um ponto branco ou amarelado, que, na verdade, é o pus.

Nesse tipo de foliculite superficial, é comum ver o pelo no centro da ‘bolinha’, e ele, muitas vezes, está encravado.

Pelo encravado, por sinal, é realmente um facilitador para a infecção que leva à foliculite, mas não é determinante: o problema pode aparecer também em um pelo que rompeu a pele. Por isso, é importante observar o problema de perto.

Na foliculite profunda, a inflamação desce até às camadas mais internas da pele e do folículo piloso — e chega até ao bulbo.

Nesse caso, as áreas avermelhadas ficam bem maiores, as lesões podem ser altas com pus amarelado e um nódulo duro no centro, e, algumas vezes, há dor intensa, coceira e inchaço.

Essa foliculite pode até deixar cicatrizes na pele e levar à perda do folículo, deixando aquele ponto da barba sem pelos.

Sicose da barba e pseudofoliculite

Para os homens, barbados ou não, a sicose da barba, ou simplesmente sicose, é uma das maiores inimigas, por ser um tipo de foliculite profunda.

Ela também recebe nomes populares, como ‘coceira do barbeiro’, e é causada, muitas vezes, pelos mesmos microrganismos das superficiais, como as Staphylococcus.

A sicose aparece principalmente na região do bigode e cavanhaque (lábio superior e queixo) e mandíbula e se diferencia porque as lesões podem acumular-se e gerar crostas e placas.

O próprio ato de barbear pode piorar o problema, espalhando as bactérias pela região, até o pescoço e a nuca. 😱

Por fim, vale mencionar a pseudofoliculite da barba. Nesse caso, a inflamação é causada apenas por pelos encravados, sem a contribuição de microrganismos.

Na pseudofoliculite, os pelos que foram raspados se curvam e voltam para dentro da pele, depois inflamando e coçando. É mais comum em homens negros.

O site da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) tem um resumo importante sobre os tipos de foliculite.

O que fazer para acabar com a foliculite?

Casos de foliculite na barba requerem, claro, uma avaliação do dermatologista.

Muitas vezes, a inspeção visual pelo especialista já pode fechar o diagnóstico de foliculite. Em outras, as secreções também são enviadas para análise em laboratório.

Como a causa mais comum é a infecção pela Staphylococcus aureus e o tipo mais frequente é a superficial, o tratamento pode incluir algum tipo de antibiótico.

O remédio poderá ser administrado de forma tópica, ou seja, sobre a pele; muitas vezes, formulado como sabonete.

Antibióticos também poderão funcionar contra outras ‘vilãs’ muito comuns que também causam a foliculite: as pseudomonas, outro tipo de bactérias que podem ocorrer, por exemplo, em banheiras e piscinas com tratamento e asseio inadequados.

No entanto, como fungos podem ser outra causa — os do gênero Malassezia, que também colonizam normalmente a pele, por exemplo — ou outros agentes, a avaliação médica é mesmo necessária.

Além disso, o acompanhamento com o dermatologista é fundamental para evitar complicações.

Como prevenir a foliculite?

Dá para adotar estratégias que podem ajudar a prevenir a foliculite:

  • Atentar para o skincare: manter a pele limpa, seca, hidratada e sem irritações, ferimentos ou escoriações
  • Cuidar bem das lâminas de barbear: atentar para o acondicionamento, a fim de evitar contaminações
  • Evitar lâminas que estiverem gastas ou cegas ou forem de má qualidade, que tendem a causar mais ferimentos na pele
  • Tomar cuidado ao barbear, para evitar irritação na pele, cortes e promover o deslizar suave das lâminas
  • Usar produtos próprios para barba e de maneira correta ao barbear-se
  • Mudar hábitos que tendem a deixar a pele ressecada, o que pode contribuir para as escoriações. Até o uso de antissépticos na pele precisa ser feito de maneira correta: o excesso deixa a pele seca
  • Quem é barbudo, fazer a manutenção da barba e cuidar da higiene correta dela. De novo, use os produtos adequados e mantenha sua barba saudável
  • Adote estratégias que evitam pelo encravado. Quem tem tendência ao problema pode tirar proveito da esfoliação e deve evitar escanhoar, ou seja, passar o aparelho de barba no sentido contrário ao crescimento do pelo. Em alguns casos, um barbeador elétrico pode compor o arsenal
  • Fique de olho onde você frequenta, das piscinas ao barbeiro
  • Vá ao dermatologista com mais frequência. Prevenir problemas de pele é bem melhor que tratar deles depois de instalados.

Confira abaixo outras dicas do Dr. Renato Lima, dermatologista parceiro da Dr. JONES.

E aí, curtiu? Conta pra gente se você já passou pelo problema – e como tratou a foliculite!

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- Por João Marinho