Muitas vezes, por preconceito social, tabus, vergonha ou ideias ultrapassadas de que 'homem não pode ficar doente', nós deixamos de nos cuidar — e quando a saúde sexual está em risco, é problema. Vem que a gente explica o porquê e algumas das principais causas de ida ao consultório.
Você sabia que, de acordo com um levantamento da plataforma MindMiners com 2 mil pessoas, 38% dos homens afirmaram não ter o hábito de ir ao médico para checar a saúde sexual? E que 46% não utilizavam método algum para prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)?
Vem que a gente explica quais disfunções sexuais que mais tiram o sono dos homens, por que é importante ficar de olho na saúde sexual e como os médicos podem te ajudar. 👨⚕
1. Disfunção erétil
Foto: Mockup Graphics | Unsplash.
Muitos homens evitam falar sobre esse assunto porque, afinal, ‘brochar’ é algo que ninguém gosta e carrega muito estigma — mas você sabia que a disfunção erétil atinge, em algum grau, 25 milhões de brasileiros acima dos 18 anos?
Ela pode ser causada por diversos fatores, como físicos (obesidade, sedentarismo), psicológicos (depressão, estresse) e comportamentais (bebida alcoólica em excesso, tabagismo e outras drogas).
Em 2021, o Datafolha, a pedido da startup Omens, fez uma pesquisa com 1.831 homens brasileiros de 18 a 70 anos, que mostrou que, nos dois anos anteriores, 38% tiveram algum tipo de disfunção erétil.
O melhor para resolver o problema não é fazer piada ou esconder como se não existisse. Hoje, há clínicas especializadas que tratam a disfunção erétil, com segurança e sigilo. O objetivo do tratamento depende das razões que os profissionais da saúde identificarem. Pode ser de melhorar a musculatura das artérias do pênis até análise comportamental e mudança no estilo de vida, ou ainda indicação de psicoterapia.
2. Ejaculação precoce
Foto: Markus Spiske | Unsplash.
Sim, da ‘brochada’ aos ‘rapidinhos’... Mas a verdade é que a ejaculação precoce, que acontece quando um homem ejacula até 2 minutos depois da estimulação sexual, é um dos desafios mais frequentes na saúde sexual masculina.
Segundo um estudo da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, cerca de 1/3 dos homens sofre ou já sofreu do problema, que é mais comum em quem tem menos de 40 anos.
Em cerca de 90% dos casos, as razões são fatores orgânicos, como taxa hormonal alterada e baixo fluxo sanguíneo. Em menor quantidade, também pode acontecer por fatores psicológicos, como ansiedade e depressão.
De novo, o tratamento vai depender da causa, que pode incluir antidepressivos e outros medicamentos, de acordo com a avaliação médica.
3. Síndrome de déficit de testosterona
Foto: Rebootanika | Unsplash.
A deficiência de testosterona pode causar efeitos nada desejáveis para o homem, como diminuição da libido, redução da fertilidade, fadiga e aumento da massa gordurosa — e, infelizmente, é mais frequente do que pensamos.
Estresse, efeitos colaterais de medicamentos como os derivados da cortisona e obesidade são alguns dos fatores que podem causar essa deficiência, que pode piorar se a ela se somar a queda natural no nível de testosterona, que começa aí por volta dos 30 anos (estudos mostram que, na faixa dos 40 aos 70 anos, a queda é de 0,8% ao ano).
Como tratamento, o ideal é a reposição da testosterona, que pode ser feita com injeções intramusculares, subcutâneas, adesivos ou com gel. O diagnóstico e o acompanhamento são do médico, que deve pedir exames mensais para acompanhar o quadro.
4. Doença de Peyronie
Foto: Aaron Blanco Tejedor | Pexels.
Se o amigo lá de baixo está muito torto, isso pode ser um dos sinais da doença de Peyronie. Trata-se de uma cicatriz nodosa no tecido peniano, que se manifesta como uma espécie de caroço sólido e aparece frequentemente na parte superior do pênis, na extensão do corpo cavernoso — e causa deformidade peniana e dificuldades de manter a ereção na hora do sexo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, a doença de Peyronie atinge entre 6% e 10% da população masculina entre 40 e 70 anos. Além disso, todos os meses, mais de 22 mil pessoas buscam na internet informações sobre o problema que, em muitos casos, atinge também a saúde mental.
De acordo com os pesquisadores Terrier e Nelson, que estudaram os aspectos psicológicos dos homens que têm o problema, 50% sofrem de depressão e 80%, de tristeza. Além disso, 50% dos participantes da pesquisa tiveram problemas no relacionamento.
A depender do grau de evolução da doença de Peyronie, o tratamento mais indicado pode ser cirurgia para correção, sempre sob avaliação médica.
5. HPV
Foto: Eric Prouzet | Unsplash.
‘Crista de galo’, ‘couve-flor’, condiloma acuminado. O nome da doença causada pelo papilomavírus humano (HPV) varia, mas ela é bem conhecida, já que o HPV é considerada a IST mais comum.
Nos homens, as verrugas que caracterizam a doença — os condilomas — geralmente aparecem no pênis, escroto (bolsa externa que envolve o testículo) e ânus. Alguns casos, porém, são assintomáticos, o que facilita a transmissão, que acontece durante a relação sexual ou contato íntimo pele a pele.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2017, a estimativa de prevalência do HPV entre os homens era alta em todas as regiões do mundo (21%) e atingia um pico em idade ligeiramente mais alta que a das mulheres. A prevalência de qualquer tipo de HPV no pênis, em particular, é de 18,7%; no escroto, 13,1%; e na região perineal, 7,9%.
O mais indicado é a prevenção com uso correto de camisinha e práticas de sexo seguro, e hoje também já há vacinas para os tipos mais comuns de HPV que afetam a região genital. No caso do condiloma já instalado, é preciso cauterizar, o que pode ser feito de pomadas a ácido ou, ainda, cirurgicamente com bisturi elétrico e outras técnicas, a depender do caso.
Na prática, se os homens cuidarem de sua saúde sexual periodicamente, muitas doenças sexuais podem ser tratadas, e muitos agravos podem ser evitados.
Informe-se e não deixe de ir ao urologista, andrologista e outros médicos. Sua saúde e qualidade de vida agradecem. 🤜🤛
Com colaboração de Raquel Marinho.
Imagem/Destaque: Charlesdeluvio | Unsplash.