Homens estão morrendo porque não falam: não procuram ajuda e, por isso, morrem mais que mulheres devido ao suicídio no Brasil. Como evitar isso?
Setembro é reconhecido como um mês para falar sobre saúde mental graças à campanha de prevenção ao suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina chamada Setembro Amarelo.
E o que masculinidade tem a ver com isso?
Para começar, no Brasil, os homens vivem em média 7,1 anos menos do que as mulheres, segundo dados do IBGE — e aproximadamente 75% das doenças que afetam os homens estão concentradas em cinco grandes áreas especializadas: cardiologia, urologia, saúde mental, gastroenterologia e pneumologia.
Quando você pensa em masculinidade você pensa em quê? O que é um homem de verdade? Ele é um líder? Um provedor para a família, é forte fisicamente, não demonstra emoções...
Assumir que os homens devem ser tudo isso e, ao mesmo tempo, só isso é perigoso e automaticamente cria um padrão que pode fazer com que os homens que não se encaixam nele, se sintam ''menos homens''.
Foto: Usman Yousaf | Unsplash.
Na tentativa de alcançar essas características e a crença de que só elas fazem um verdadeiro homem, surgem as deturpações sobre o que é masculinidade.
É a tal da masculinidade frágil: ou você cumpre todos os requisitos para ser macho ou você não é! E se alguma característica não for forte o suficiente em você, compense com outra, o que afeta diretamente a saúde mental de meninos e homens.
É fato que ser homem é algo repleto de expectativas dentro da sociedade. O esperado é que sejam protetores, ruins em tarefas domésticas, e os homens que demonstram ser mais emocionais ou habilidades com artes são julgados de forma negativa.
Ora, ser homem não significa que você tem que gostar de esportes, charutos e cerveja. Um homem forte não precisa esconder seus sentimentos: ele é forte mesmo quando chora e se emociona. Isso não é um tipo de fraqueza.
Ser um homem de sucesso não significa que você tenha que se tornar um executivo ou bilionário aos 25 anos! Ser homem é ser o que você quiser, livre de amarras e preconceitos.
Qual o sexo que mais comete suicídio? Adivinha...
Foto: Nik Shuliahin | Unsplash.
Os homens, como as mulheres, sofrem de ansiedade, depressão e doenças mentais — mas os homens são mais relutantes em procurar ajuda.
Precisamos eliminar o preconceito em torno da saúde mental e lembrar aos homens que pedir ajuda, expressar emoções e procurar terapia não é apenas benéfico: é necessário para a melhoria de nossa sociedade.
Em 2020, os homens tiveram uma taxa de mortalidade ajustada por idade 2,5 vezes maior do que as mulheres, representando 71% das mortes por overdose nos EUA e 75% das mortes (3,2 vezes mais que as mulheres) no Canadá. Quem mais se suicida no Brasil são os homens (12,6 por cada 100 mil homens em comparação com 5,4 por cada 100 mil mulheres).
O professor Louis Appleby, do Grupo de Aconselhamento Nacional para Prevenção do Suicídio na Inglaterra, diz que isso acontece em um cenário global porque os homens mais propensos a beber muito e a impulsos de autodestruição.
Além de não conseguirem falar, não buscam ajuda e sofrem em silêncio, já que foram ensinados que qualquer coisa diferente disso "não é ser homem".
Em resumo, os homens estão sendo sistematicamente ensinados a pensar que a abertura quanto às próprias emoções e saúde mental é o mesmo que seguir na direção de se identificar com mulheres — e "homens não fazem isso".
Não caia nessa. Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que precisa, não espere o pior acontecer: ligue para o 188, Centro de Valorização da Vida (CVV), que promove apoio emocional e prevenção do suicídio, com atendimentos gratuitos a qualquer pessoa.
E aí, que tipo de homem você é: o que procura ajuda quando precisa ou o que sofre sozinho?
Foto: Christian Buehner | Unsplash.
Foto/Destaque: Nathan Mcdine | Unsplash.
Comentários e Sugestões
10/10/2022
lfoliveira.36 | Comentário
É...a cultura do patriarcado só nao mata mulheres, com certeza continuará fazendo suas vítimas, até a humanidade substituí-la
