Sensibilidade na pele, inflamação ou alergia: qual a diferença?
Ardor, queimação, coceira, pele avermelhada com bolhas ou crostas são sintomas de alergia. Mas você sabe como diferenciá-los de uma simples irritação na pele?
10/06/2021
É possível que você conheça alguém ou você mesmo já tenha passado pelo problema: depois de fazer a barba, a pessoa fica com a pele vermelha e coçando, rosto ardendo, às vezes com inchaço ou bolhas. Pode acontecer até de ficar com a pele sensível ao toque.
Uma das primeiras reações é dizer que se está com ‘alergia na barba’. Será mesmo? Ou é uma inflamação ou irritação na pele? Hoje, você vai saber a diferença, como agir e onde buscar ajuda.
Por que a pele arde?
Uma dificuldade para diferenciar uma pele com alergia de uma pele irritada ou inflamada é que os sintomas podem ser muito parecidos. Vermelhidão e coceira, por exemplo, são comuns.
Para piorar, às vezes, uma coisa causa a outra e se confundem – por exemplo: irritação na pele relacionada a uma inflamação –, e ainda existem vários tipos de alergia na pele, pelo menos quando a gente leva em conta a forma que costuma falar no dia a dia: urticária, angioedema, dermatite.
Há, porém, algumas diferenças. A inflamação é um processo natural de defesa do corpo, que envia glóbulos brancos para isolar algum agente agressor, que pode ser um microrganismo (como uma bactéria ou fungo), uma lesão ou até um componente do organismo que está no ‘lugar errado’, como um pelo encravado. Como o corpo envia células imunes e mais sangue para o local, ele fica mais quente e vermelho.
Já a irritação tem como característica aquela sensação de sensibilidade na pele, que coça, fica avermelhada – às vezes, até pelo coçar – e pode até rolar descamação. Ela pode aparecer como resultado de uma inflamação, mas a pele também fica irritada por coisas mais simples, como o atrito da lâmina de barbear no rosto, por exemplo.
Foto: Philip Veater | Unsplash.
Quando a gente fala de alergia, porém, entra em cena o sistema imunológico de novo.
Só que agora o que desencadeia a resposta imune – e a inflamação! – não é um ‘invasor’ propriamente dito, como uma bactéria.
Trata-se de uma substância que, às vezes, a pessoa já teve contato a vida inteira e passa a desencadear uma reação exagerada, que é mediada por anticorpos ou por células.
Na pele, os sintomas de alergias costumam vir acompanhados de uma sensação de ardência e queimação e costumam ser também mais intensos. Às vezes, aparecem até bolhas e crostas.
O que pode causar alergia no corpo?
Sabe a irritação na pele? Muitas vezes, ela atende pelo nome técnico de dermatite de contato irritativa. Aqui, há um agente causador que, ao tocar a pele, desencadeia a irritação (daí, o ‘de contato’) e geralmente é uma substância ou muito ácida ou muito alcalina, como as que a gente encontra em sabonetes, detergentes e outros químicos.
A dermatite irritativa pode acontecer logo na primeira exposição, mas é mais discreta e geralmente fica restrita ao lugar de contato.
Foto: The Creative Exchange | Unsplash.
Mais perigosa quando se fala da pele é a dermatite de contato alérgica. Essa, sim, envolve diretamente o sistema imune – e tem um ‘fator cumulativo’.
Depois de várias exposições, o sistema imunológico fica hipersensibilizado por uma substância (alérgeno) e passa a reagir a ela de forma dramática.
Matou a charada? Alergia é exatamente essa reação imune exagerada. Por isso, não se confunde com irritação ou inflamação.
A predisposição ao aparecimento de dermatites é o que caracteriza a pele sensível.
Então, na verdade, é pouco comum alguém ter ‘alergia ao aparelho de barbear’ ou ‘alergia na barba’ em si, a não ser que surja em resposta a algum componente metal de um barbeador, por exemplo.
O mais frequente é que o problema apareça com o uso de produtos como cosméticos, cremes, perfumes e fragrâncias, shampoos, sabonetes e desodorantes, que, aí sim, podem desencadear a resposta imune e alergia no rosto, alergia no pescoço e em outros lugares.
Como prevenir a alergia?
Infelizmente, a alergia na pele (ou dermatite de contato alérgica) é um problema com muitos fatores e não tem como ser totalmente evitada. Mesmo porque, pode surgir em resposta a produtos que a pessoa já usou ou teve contato várias vezes. Até produtos que ela gostava.
O que se sabe é que existe um fator hereditário importante. Quem é filho de pais alérgicos, por exemplo, tem até 80% mais chance de também desenvolver alergia.
Agora, isso não significa que não dá para fazer nada. Para quem está com algum sintoma de alergia, por exemplo, o ideal é parar de usar o produto e ir ao médico dermatologista ou alergista, que poderá receitar hidratantes especiais e medicamentos como anti-histamínicos e corticoides.
Foto: Louis Reed | Unsplash.
Também dá para fazer prevenção e reduzir o risco de passar pelo problema.
O alergista, por exemplo, pode fazer testes para saber qual componente de um certo produto realmente causou a alergia. Aí, basta evitar as fórmulas que o tenham.
Cuidados adicionais dizem respeito, ainda, a procurar boas marcas, que se preocupam com a origem dos seus princípios ativos, qualidade na produção, armazenamento e distribuição e têm aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – e nunca usar produtos fora da validade.
Dizem que todo mundo tem pelo menos uma alergia. Qual é a sua?
- Alergias causadas por cosmético (Canhedo & Reis, 2016);
- Biblioteca de cosméticos (Anvisa, 2021);
- Dermatite de contato (Merck & Co., Inc. – Manuais, 2018);
- Dermatite de contato (Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD, 2017);
- Dermatite de contato a metais (Brutti, [201-]);
- Parecer Técnico nº 5, de 28 de setembro de 2001 – Informações Técnicas (Anvisa, 2001);
- Reações alérgicas relacionadas a cosméticos: primeiros socorros (Revista Saúde em Foco, 2019).