Coisa de homem: combate à violência contra a mulher - Dr. JONES

Coisa de homem: combate à violência contra a mulher

No Dia Internacional da Mulher, Dr. JONES apresenta o porquê de haver essa data e ressalta a crescente preocupação com a violência contra as mulheres. Confira do que se trata o assunto e como você pode ajudar. 

Papo seríssimo agora, cara! Como sabemos, hoje, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher, que marca a luta das mulheres pelo reconhecimento de direitos — e o que você tem a ver com isso? Vem que a gente explica. 

Por que 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

É provável que você já tenha ouvido a história de que a data tem a ver com a repressão de mulheres que, operárias da indústria do vestuário no século XIX, foram duramente reprimidas no dia 8 por conta de uma greve por melhores condições de trabalho.

Segundo as pesquisadoras Liliane Kandel e Françoise Picq, porém, essa versão é um mito que surgiu nos anos 1950.

Mesmo assim, a historiadora Temma Kaplan deixa claro que o Dia Internacional da Mulher tem, sim, origem trabalhista — e, goste-se ou não, socialista.

Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo. Foto: Reprodução/Domínio Público.

As raízes chegam à luta da primeira onda feminista pelo direito ao voto (sufrágio universal), que ganhou apoio de partidos socialistas em todo o mundo, inclusive o dos Estados Unidos, que existiu de 1901 a 1972.

Em 1908, o Partido Socialista dos Estados Unidos tinha organizado um comitê feminino para apoiar o sufrágio universal, o que resultou em uma massiva manifestação que, coincidentemente, aconteceu no dia 8 de março daquele ano.

Os norte-americanos, porém, definiram o Dia Nacional da Mulher no último domingo de fevereiro.

 As líderes socialistas Clara Zetkin e Luise Zietz, inspiradas pela iniciativa norte-americana, levaram a ideia para a Segunda Internacional Socialista, e, em 1910, uma conferência de mais de 100 mulheres de 17 países na Dinamarca já tinha estabelecido pontos que ainda hoje são importantes para promover direitos iguais às mulheres, para além do voto.

Não houve, porém, o estabelecimento de uma data fixa, de maneira que diferentes países tinham suas próprias datas. 

O dia 8 de março começou a se impor apenas em 1917.

Nesse dia, segundo o calendário gregoriano ocidental (23 de fevereiro pelo calendário juliano russo), operárias fizeram uma manifestação por Pão e Paz na atual São Petersburgo, que se tornou o início de uma mobilização maior que derrubou o regime czarista.

Lênin e a bolchevique Alexandra Kollontai propuseram o Dia da Mulher como feriado nacional na então União Soviética, e, em 1922, Clara Zetkin defendeu, na Terceira Internacional, a proposta de um Dia Internacional da Mulher. 

A proposta foi aprovada — e, muitas décadas depois, em 1977, a Assembleia Geral da ONU 'bateu o martelo' no 8 de março como Dia Internacional da Mulher.

Tipos de violência contra a mulher

Homem branco de barba por fazer cerca mulher cerca a mulher, asiática, no banheiro, com o punho cerrado acertando a parede e posição ameaçadora. A imagem faz referência ao Dia do Laço Branco, de prevenção e luta contra a violência à mulher.

Foto: Timur Weber | Pexels.

Atualmente, a violência contra a mulher, nos mais diferentes níveis, e as altas taxas de feminicídio no Brasil estão entre as maiores preocupações.

Hoje, por exemplo, notícia do UOL, de autoria da jornalista Isabella Menon, destacou o relatório do Instituto Sou da Paz, segundo o qual 7 em cada 10 mulheres assassinadas no País são negras.

O relatório também afirma que 1 em cada 2 mulheres foram mortas com arma de fogo e que, em 28% dos casos, o autor do crime é o parceiro íntimo. É um dado em que, nós, homens temos papel crucial em ajudar a mudar.

Começa por entender que violência não é apenas aquela física. Ela também pode ser verbal, psicológica e de outros tipos.

Segundo a Lei Maria da Penha, há 5 tipos de violência contra as mulheres, e, além desses, existe a violência política de gênero, criminalizada pela Lei 14.192, de 4 de agosto de 2021.

  • Violência física: essa, talvez, seja a forma mais perceptível na sociedade. É quando a mulher é vítima de agressões físicas, que vão desde um aperto nos braços até a tortura. 
  • Violência psicológica: é qualquer ato que cause danos psicológicos ou emocionais à vítima. Aqui, estão inseridas condutas como ameaças, humilhação, manipulação, isolamento, constrangimento, chantagem e vigilância constante. 
  • Violência sexual: é a conduta de impor que a mulher assista, realize ou participe de uma relação sexual não desejada. Quando falamos desse tipo de violência, fica claro o termo estupro, mas ela pode ir bem mais além. Atos mais sutis, como impedir que a mulher faça uso de métodos contraceptivos ou forçar a parceira a realizar atos sexuais em um matrimônio, também são considerados violência sexual. 
  • Violência patrimonial: é a retenção, subtração, destruição parcial ou total de bens, valores, documentos ou recursos econômicos.
  • Violência moral: é o ato de caluniar, difamar ou injuriar uma mulher. 
  • Violência política de gênero: são ações ou omissões com objetivo de dificultar ou impedir que a mulher participe da vida política e ocupe espaços para exercer seus direitos políticos.

O que pode ser feito — e a importância dos homens

Quebrar estereótipos da masculinidade

Sim, muita coisa pode começar com isso, com a desconstrução de mitos sobre o homem e sua masculinidade

‘’Se usar rosa, vai deixar de ser homem’’, ‘’Homem não chora’’ e outras afirmações sem noção contribuem para a manutenção de uma sociedade machista que afeta, além dos próprios homens, as mulheres.

Não usar expressões machistas

Muitas expressões reforçam a objetificação do corpo feminino e contribuem para a violência contra a mulher. Não é engraçado e também não é inofensivo, como pode parecer. 

Pesquise sobre isso e entenda mais sobre o assunto. O mesmo vale para piadas machistas: ninguém aguenta mais, nunca foi engraçado, mas só agora pararam para ouvir as reclamações das mulheres. 

Dá um toque naquele brother que faz esse tipo de coisa. Se você não rir, não repetir, ele vai parar.

Você sabe o que é machismo?

Quando uma mulher falar que uma situação vivida por ela foi machismo: escute! 

Procure entender os motivos dela e, se você foi o machista em questão, não custa se retratar. Para além de um pedido de desculpas, o importante é não repetir a ação.

Foto conceitual em que uma mulher de camiseta cinza e calça jeans procura se proteger da violência de um homem de camisa amarela, calça jeans e punho cerrado que se encontra em pé frente a ela, em posição ameaçadora.

Foto: Karolina Grabowska | Pexels.

Incentivar a liderança de mulheres

Uma das formas de contribuir para o fim da violência contra a mulher é incentivar as mulheres a serem líderes. É uma forma de ampliar as vozes delas.

Nunca culpar a vítima

Para combater a violência de uma vez por todas, precisamos entender que a vítima nunca merece ser culpada. A culpa nunca é dela, nunca mesmo.  

“Ah mas e se a roupa era curta?’’  

“Ah, mas estava pelada’’ 

“Ah, mas tava andando de noite sozinha’’ 

Não tem justificativa. Ponto. 

Ao culpar a vítima, amenizamos o lado do agressor, e isso é inadmissível. Violência contra mulher é crime! Quem comete merece pagar por isso, responder na Justiça, e a vítima merece acolhimento, amparo, e não julgamentos. 

O processo de apoio contra a violência que exige uma construção diária. Não é de uma hora para a outra: são muitas lutas, erros e acertos, mas o importante é se comprometer, não se omitir. 

Homem que é homem faz isso — e apoia a luta a favor das mulheres.

Em parque com grama baixa e árvores ao fundo, homem e mulher dão-se as mãos de costas para a câmera. Ambos usam jeans. Ela usa, ainda, uma blusinha regata branca, e ele usa uma camisa de manga curta, quadriculada.

Foto: Colin Maynard | Unsplash

Foto/Destaque: Amy Dianna | Flickr | Sob Licença CC BY-NC-ND 2.0

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